Car@s amig@s,
Venho informar que a minha ausência do blog se deve ao facto de estar a trabalhar num projecto um pouco mais sério, proveniente de um convite muito especial que tive, mas ainda relacionado à escrita.
O tempo nem sempre dá para fazer as coisas ao ritmo que desejava, porque tenho outros projectos em mãos, mas estou muito entusiasmada com a oportunidade que se avizinha.
Espero ter notícias muito em breve e que possa também continuar a contar convosco desse lado.
Beijinhos e obrigado por tudo.
terça-feira, 22 de setembro de 2015
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Entrevista de emprego - Parte 2
(foto retirada da internet)
Quando a vi na sala de espera, o meu coração disparou.
Reparei que ela ficou nervosa por me ver, o que talvez fosse um bom sinal. Tive
vontade de mandar as candidatas todas embora, a minha assistente, e chamá-la
para entrar na minha sala, mas não podia ser. Tinha de fazer as entrevistas em
termos e concentrar-me para não dar muito nas vistas.
Enquanto abria a porta para uma candidata entrar, ou sair,
fitava-a, e ela a mim. Estava linda, de uma forma clássica e com bom gosto.
Aquela saia cinzenta ficava-lhe muito bem, contornando aquelas coxas roliças, e
ia ficar ainda melhor depois que eu a amarrotasse com as minhas mãos.
Tentei despachar as candidatas o mais rápido que pude e,
antes de ela entrar, dispensei a minha assistente, com calma, e tentando não
dar muito nas vistas. Eram quase horas de almoço e foi uma boa desculpa.
Ela estava cada vez mais nervosa, e via isso a cada passo
que ela dava em direcção à porta do meu gabinete. Sentia o seu perfume cada vez
mais perto de mim, e isso enlouquecia-me. Um misto de lembranças criou um
turbilhão na minha cabeça e o meu membro já começou a dar sinais.
Fechei a porta atrás dela e, quando me dei conta, ela já
sorvia a minha boca e tinha uma perna à minha volta. Esta mulher dava cabo de
mim! Fazia-me esquecer completamente a vida enfadonha que vivia, entre uma
mulher que não me dava carinho, as contas que tinha para pagar, as idas ao
ginásio apenas para libertar este fogo que tinha dentro de mim.
Encostei o meu pau à vulva dela, para que sentisse como ela
me deixava louco. As calças não apertavam muito, pois eram de fato, mas a tenda
já estava mesmo armada e agora tínhamos de resolver o assunto. Nunca fui de
perder tempo, sobretudo quando já sei em que pé as coisas estão e, enquanto a gente
se beijava, eu já enfiei a mão dentro das cuecas dela e senti que estava
completamente molhada. Passei o dedo no grelo dela e ouvi-a dar um gemidinho
meio que contido e deu-me uma mordida no lábio.
Tranquei a porta, só para garantir, peguei nela pelas
nádegas e levei-a para cima da mesa.
(...)
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
Cuidado com o que desejas
(imagem retirada da internet)
Noites longas. Uma multidão de gente à minha volta. No meio das pessoas
consegue-se quase perceber a situação que estão a passar naquele momento. A
situação interior. A que não deixam que ninguém veja, mas que querem a todo o
custo que seja entendida por alguém até desconhecido. Numa destas noites,
foi-me apresentado o rapaz. Nem me lembro a que propósito. Mas não me esqueço,
sim, que num instante algo cá dentro me fez parar no tempo. Desconcentrar.
Olhar para o lado, fechar os olhos, voltar a olhar para ver se ele ainda estava
lá. E estava. Era real. Giro e atraente, nos meus bons termos. Apostei que ele
teria cerca de vinte e três anos de idade, mas estupidifiquei-me quando soube
de fonte directa que afinal ainda ali rebentavam os dezassete. Como que uma
faca a trespassar-me o coração, morri por dentro e congelei por fora, mantendo
um sorriso de frustração. De facto, as feições dele não aparentavam a idade que
tinha. Há aqueles que parecem mais novos e aqueles que parecem mais velhos. E
estes têm sempre a particularidade de ostentar traços masculinos que
normalmente só se vê em capas de revista. Enfim, o pormenor da idade
interessou-me para saber com que tipo de mentalidade estaria a lidar, pois mesmo
para desenvolver uma conversa teria de me adaptar, como um professor se adapta
às várias faixas etárias dos seus alunos. E novamente, este seria mais um
"filho" para a minha colecção. Entenda-se um "filho" como
um daqueles amigos da noite, que vamos vendo com alguma regularidade, que vamos
sabendo com quem andam e dos sucessivos desgostos amorosos que apanham, que
vamos abraçar e reconfortar quando se sentirem sozinhos e abandonados, que
iremos piscar o olho em tom de sinal único que só nós os dois conhecemos, a
quem perguntaremos o que se passa quando os sentirmos apáticos.
Mas apatia foi
coisa que nunca vi neste gajo. Nas várias noites que foi aparecendo ao pé de
mim, estava sempre bem disposto, pulava, gritava... e fazia questão de me tirar
o ar sério da cara. Eu ali a tentar manter uma postura sarcástica, e ele a
fazer-me cócegas. Tentava responder da mesma forma, mas ele fugia. Com o passar
do tempo, fomo-nos conhecendo um pouco melhor, já fora do ambiente habitual. O
espanto que era saber que naquela cabeça jorravam litros de cultura sobre
determinados assuntos que para mim também eram interessantes. Cativou-me muito
por isso. Tive de pensar sozinho várias vezes em como eu próprio teria de ter
cuidado com o que desejava. E sim, eu desejava-o. Mas não sei bem como... Seria
a nível sexual? Não. Seria a nível emocional? Não. Seria a nível afectivo,
querendo-o como um amigo no meu muito fechado círculo de amigos? Talvez, mas
duvido um pouco, porque não se coadunava com os restantes. Era, portanto, uma espécie
à parte. Uma espécie a manter. Um rapaz a enjaular com uma grilheta e manter
enclausurado para sempre numa cave, onde eu visitaria quando necessitasse de me
lembrar que há pessoas muito novas que ainda pensam e agem com todos os
parafusos.
Apaixonei-me, sim.
Mas apaixonei-me sem reacção, sem nada fazer. E sem nada querer sentir.
Queria-o para mim, sabendo que jamais poderia ser meu. Queria não fazer amor
com ele, pois sabia que jamais seria para sempre. Desejei-o desde o primeiro
momento em que o vi. E continuei a desejá-lo, mesmo sabendo que tal desejo
alguma vez fosse desaparecer. Não o esqueci, nunca. Mantive-o aqui dentro, como
uma memória, pois aqui dentro tudo é possível. Tudo é infinito. E aqueles
momentos que pareciam caminhar para o impossível guardaram-se, como quem
escreve um livro.
*****
5 ANOS DEPOIS...
*****
Circulava eu em
direcção a casa, passando pelas avenidas já quase desertas da cidade, quando o
telemóvel apita e recebo uma mensagem. Era o rapaz, a perguntar se era eu que
ia naquele carro. Respondi prontamente e estacionámos perto dali, num sítio
mais isolado. Eu cheguei primeiro, por isso fiquei com aquela expectativa de
ver a cara que já não via há vários anos. E fiquei estupefacto ao notar que
algo estava diferente, mas não muito. Acho que noutra situação não o
reconheceria. E sim, era mesmo ele. Senti o coração a bater a mil à hora. Em
poucos segundos, perguntei-me se ele estaria igual, se ele me iria fazer
cócegas, se me iria falar do que tinha andado a fazer este tempo todo, se me ia
tocar nos braços e empurrar-me como sempre fazia. E como os amigos normais que
se costumam ver com regularidade, olhou para mim, pegou no tabaco e nas chaves
do carro e veio para o meu carro, para o lugar do pendura. Reagi naturalmente,
como se nada fosse.
- Então? - gritou
ele. - Há tanto tempo que não te via, que não sabia nada de ti!
- Pois, é verdade.
Acontece... Estás mais gordo.
- Eu não estou mais
gordo, estou crescido. Eu cresci.
- Desculpa?... Eu
conheço essas pernas. Estás mais gordo e ponto final.
Na verdade, estava
só um bocadinho... preenchido, digamos. Porque quando o conheci, a estatura
dele era bem magra. Não muito alto, mas magrinho. As feições eram as mesmas,
mas mais... masculinas. De facto, tinha crescido. Lamentou-se com o facto de
não andar a fazer exercício físico. E que então seria por isso que o corpo dele
não estava cuidado, mas que iria tratar disso assim que tivesse tempo. Mal
sabia ele o quanto eu o preferia assim. Assim... ou de qualquer maneira. Mas a
minha função aqui sempre foi olhar, observar, ouvir, aturar. Cada vez que
estava com ele, sentia-me perseguido por placas amarelas e vermelhas, a voar à
volta dele com asas de anjinhos e com letras bem garrafais "NÃO
MEXER", "ATENÇÃO! REDE ELECTRIFICADA!", "NÃO É PERMITIDA A
ENTRADA A PESSOAS ESTRANHAS AO SERVIÇO", "CUIDADO COM O CÃO"...
Do género: olha, mas não toca. E sempre respeitei essa regra. Ignorei sempre se
na realidade queria mais do que isso ou não. E afinal, o que seria o
"mais"?
E ele falava,
falava, falava. Eu respondia serenamente. Respeitando o espaço de cada um.
Foram poucos os minutos até eu ouvir a afirmação:
- Nem sei porque é
que passámos tanto tempo sem falar...
E de repente as
placas evaporam-se. Até parece que consegui ouvir o som de bolhas a rebentar
sucessivamente. Arregalei os olhos e procurei uma justificação plausível para
responder e cortar o silêncio que se instalou. Retorqui com o facto de já não
frequentar tais meios e fui interrompido com o facto de ele ter estado numa
relação durante algum tempo, mas que agora estava solteiro. E que assim queria
estar. Alívio. Confesso que não esperava ouvir aquela afirmação, pois não tomei
em consideração que, da mesma forma que não o esqueci, ele também não se
esqueceu de mim.
A forma de falar que
ele tem deixa-me sempre abananado. Ora é capaz de estar a dizer uma piada com
um ar muito sério, à espera que eu entenda depressa e que me desfaça em risos.
Por outro lado, também consegue em micro-segundos exprimir-se de forma
eloquente e, claro está, fazer-me rir quase sem motivo. É essa a grande
particularidade. Aquela boa disposição que me é atirada sem esperar nada em
troca. Fazia-o mesmo por gosto. E eu começava a sentir-me incomodado. O meu
riso já estava a ser forçado; então, para não parecer estranho, parti para
assuntos profissionais e familiares. São sempre coisas sobre as quais não há
muito para rir. Perdemo-nos durante mais de uma hora naqueles assuntos, entre
cigarros e cigarros. Ele já andava a fumar demais; dois por cada um que me
apetecia. Já estávamos ali desde as duas da manhã e eram agora cerca das quatro
e meia. Os assuntos considerados normais estavam já esgotados. Mas nem eu
insisti em demonstrar o quão cansado estava, nem ele se dignou a dizer que
tinha de ir embora. Eu queria ir-me embora. Mas... não queria sair dali. Ou
melhor, não queria que ele saísse dali. Por momentos, passou-me pela cabeça
dar-lhe uma marretada, enfiá-lo na bagageira, pegar fogo ao carro dele mesmo
sem motivo aparente, e fugir do país, sem destino. Agora serias meu e só meu.
Eram poucos os
momentos de silêncio, mas sem dúvida este vinha mais da minha parte. Eu
continuava sempre a manter a postura de observador. E percebi algo que não
tinha percebido antes. Ao olhar para ele, quando virava a cara para o lado, reparei
nos pormenores. As sobrancelhas carregadas, o cabelo espetado, a barba serrada
por fazer há dois dias, o nariz pequenino, os olhos grandes e profundos,
rodeados pelas pestanas negras, o queixo firme com a mandíbula que não parava
quieta. Ele falava, falava, falava e eu pensava para mim "Foda-se, parece
o Colin Farrell!". Às tantas, tal eu me fixei nesse pensamento, que já me
imaginava a chamá-lo por esse nome! O actor tem aquele ar de "cabrãozinho
sem dó" e o meu Colin era como que a personificação adolescente do actor.
Talvez pela sua incansável aptidão para gozar com todas as conversas. Mas que
até aqui pareciam amistosas.
De todo, o jogo deu
uma grande volta. Assim que começou a conversa das experiências sexuais
passadas. Passada meia hora, estava eu a meter o cotovelo entre as pernas para
esconder uma de várias tesões que ia tendo ao longo do tempo. Ele estava mais
atento do que eu pensava e no meio das confissões que nada me interessavam,
perguntou:
- Porque é que
estás assim com o braço? - apontando.
- Para sentir o
mínimo de conforto. - respondi eu, como se tal fosse verdade.
E continuei a
ouvi-lo, com o queixo apoiado na outra mão, olhando. De vez em quando, sentia o
solavanco por ele me bater no braço direito enquanto que falava, como um acréscimo
de atenção. Ao fim de tantos solavancos, deixei o braço cair para cima da perna
dele, facto que ia justificar como uma interrupção para fumar um cigarro. Mas
não tive a oportunidade para me exprimir, pois assim que a mão caíu em cima da
perna, foi logo agarrada pela mão dele. Deixei-me estar. Agora olhava para as
mãos dele: uma que gesticulava como que a indicar onde fica a Noruega, o Congo,
a China e a Argentina, e a outra a segurar a minha. Em poucos minutos, já um
dedinho estava a massajá-la, suavemente. Não demorou muito até que os ânimos se
exaltassem e os toques corporais aumentassem para um quase abuso. Desde as
carícias faciais às massagens nas pernas, muito perto dos genitais. Pelo meio
as brincadeiras das cócegas, que levam sempre a um aperto dos braços, que por
sua vez levam a um puxar do pescoço e que por fim se colmatam num olhar
provocador que despoleta um beijo. Mas não um curto. Um longo, molhado, quente
beijo. Seguido de outros tantos. Calmo, sedutor, sedoso. E quando parecia que
ia acabar, revelava-se outro mais forte, sugante, bruto. A provocação
continuava com o afastar da boca, metendo a língua de fora como quem diz
"Queres? Então vem cá buscar...". E os beijos persistiram durante
quase uma hora. Até ao raiar do sol! Com direito a público, que se dirigia para
os respectivos locais de trabalho. Podiam claramente perceber o que se passava
dentro do carro. Mas também não era nada demais; só dois gajos a curtir um com
o outro. O pior seria se percebessem que ao mesmo tempo que nos beijávamos,
também apalpávamos as pilas um do outro, por cima da roupa. E estavam ambas bem
erectas.
A partir daqui a
coisa tornou-se muito pessoal. O relato de experiências de ambos os lados já
estava a surtir um efeito de comparações no âmbito do "e se...". Começaram
a surgir as questões começadas por "e se..." que se foram
intensificando. Verificou-se um grande interesse da parte dele por saber como é
que eu desempenhava o meu papel no sexo. Expliquei exactamente como é a minha
postura em várias situações e como é que eu encaro o sexo. Fui interpolado pela
pergunta:
- Se fosse comigo,
como é que achas que ia ser?
Pensei por uns
instantes, olhando para o horizonte. Voltei o olhar para ele e disse:
- Acho que não iria
tirar os meus olhos dos teus. Tenho a certeza disso.
- Ah é?...
Parece-me bem. - resposta pouco evasiva dele.
Levantei o
sobrolho. Apercebi-me do quão longe já ia a conversa e do risco que eu estava a
pisar. Onde estão as placas imaginárias quando precisamos delas?! Mas agora era
tarde, porque:
- Queres ir dormir
comigo?
- Dormir contigo? -
retorqui. - Como assim? Agora?
- Sim, íamos aí
para um sítio qualquer, uma daquelas pensões.
De facto, o meu
cansaço era tanto que se visse uma cama iria mesmo dormir. E sei que talvez não
fosse bem esse o propósito daquela pergunta. E não era, claro que não. De tal
forma estava a conversa quente, já tinha perdido o número de vezes que as
calças me pareceram apertadas, tudo indicava que eu e ele íamos partir para uma
cena de sexo.
E acordei para a
vida. Eu sabia que se fosse naquele momento, a coisa não ia correr tão bem.
Prontamente, sugeri-lhe que o fizéssemos no dia seguinte, precedido de um
jantar a dois. Teve de ser, eu senti que com ele não podia ser sem mais nem
menos, a coisa tinha de ser especial. Ele prontamente aceitou. E ficou
combinado.
*****
Acordei com ele no
pensamento. Podia ter sido um sonho. Mas não era. Aqui estava eu, prestes a ter
um encontro significativo com o Colin Farrell. O meu Colin Farrell. O meu Colin
Farrell privado. A minha mente prendia-se ao receio. Ao receio de querer e não
querer. Ao receio de viver o que quis, talvez, viver antes. Ao receio de chegar
ao momento e dizer que era melhor "isto" não acontecer. Mas
principalmente ao receio de que não corresse bem. Conforme foi combinado, ia
telefonar-lhe daí a cerca de uma hora. Qual não foi o meu espanto quando vi uma
chamada não atendida dele. Sorri, mas abateu-se-me a ideia de que ao ligar-lhe
de volta iria ouvir uma desculpa para o cancelamento do encontro. Respirei fundo
e liguei. Surpreendi-me, pois o encontro mantinha-se tal e qual fora planeado,
sem qualquer alteração nem condição. Fiquei contente por não me enganar no
carácter do Colin. Tinha-o em conta. E ele assim se fez valer. Combinámos o
local onde nos iríamos encontrar e a hora, ao mesmo tempo que ocupávamos o
tempo ao telefone com assuntos banais.
Como seria de mim
prever, sofri um atraso a arranjar-me. "Pior que as gajas". Mas o
motivo era válido. Eu não ia sair com um qualquer. Ia sair com o Colin! Não é
que tenha feito mais do que o normal, mas sem dúvida perdi mais tempo a
lavar-me, vestir-me, pentear-me, ver cada pormenor. Para além do tempo sentado
na cama em toalha de banho, a olhar para o chão e a pensar no insólito que
estava a acontecer. A tentar disfarçar com uma postura de "é normal, não
tem nada de mais"... Nem esperava que ele fosse reparar em algo em mim a
nível físico, alguma particularidade, nem me preocuparia com isso fosse com
quem fosse sair. Dei mais atenção à minha cara, pois era essa que eu queria
evidenciar. Porque também não fazia ideia se iria evidenciar mais alguma parte
do corpo. Foi aí que percebi que... não sabia o que ia acontecer. Qualquer
pessoa "saberia" à partida no que ia dar. Mas mantive sempre o pé
atrás sobre isso. O melhor é nunca criar expectativas. Quanto mais natural uma
pessoa se sentir, melhor será a recordação de um momento bem passado. Sem
julgamentos. Sem contradições interiores. Sem vontade de mais nem menos.
Liguei-lhe
novamente quando estava a entrar no carro... uma hora depois do que tínhamos
combinado! Mas, afinal, eu não era o único atrasado para o encontro. Passada
cerca de meia hora, reencontrámo-nos. A minha curiosidade prendeu-se ao facto
de ele ter vindo com um boné na cabeça. Mal sabia ele o quanto eu apreciava tal
pose. Vinha com calças daquelas largas, à "chunga", ténis
espampanantes e coloridos. Levei-o a um restaurante que conhecia e onde se
comia muito bem. No caminho, cada vez mais caía na realidade do momento que
estava a ter. Só o facto de ele estar ali ao meu lado fez valer tudo. De vez em
quando observava-o. Apanhava-o distraído. Continuava a falar, a falar e a
falar. Parecia perdido. Durante a refeição aproveitámos para colocar mais
conversa em dia, actualizando os assuntos familiares, pessoais, profissionais.
No final, ao sair, ainda ficámos no carro a ouvir música e, claro, a falar, a
falar e a falar. Acedemos a uma aplicação para pesquisar hotéis e escolhemos um
que eu, por acaso, já conhecia e que estava com um preço muito acessível. Ele
nem tinha a noção de que é possível passar a noite num hotel a preço mais
barato que numa pensão. E com certeza o conforto e as condições são
indiscutíveis. Surgiu a dúvida se durante a noite não teríamos fome e, por
isso, passámos num hipermercado para comprar algumas porcarias. Trouxemos um
pacote de chá gelado, alguns pacotes de leite com chocolate, doughnuts e outros
biscoitos.
Ao chegarmos ao
hotel, cerca das dez da noite, e após o "check-in", subimos para o
quarto, que ficava no final do corredor. Espaçoso. Cama gigante (seleccionámos
essa opção quando fizémos a reserva...). E o melhor de tudo: tinha varanda.
Assim não teríamos de sair cada vez que quiséssemos fumar. A casa de banho
tinha banheira, espaçosa o suficiente para nos deitarmos lá os dois. Apetecia-me
fazer isso. Apetecia-me ter o corpo dele encostado ao meu, sentir as costas
dele apoiadas no meu peito, posição através da qual poderia observar de cima o
pescoço dele e trincar-lhe as orelhas, sem hipótese de fuga. Mas tal,
infelizmente, não aconteceu. Percebi que criei essa expectativa, e que nem tudo
acontece como "sonhamos". Pensei que, estando já ali os dois, tudo
poderia acontecer. Mas o acontecimento já estava a ter lugar. Largando os
nossos pertences, dirigimo-nos para a varanda. Fumar. Apreciar a fabulosa
vista. Conversar sobre assuntos banais. O habitual. A temperatura do quarto era
bem mais agradável e não tardou muito a nos refugiarmos lá dentro. Despi o
casaco e coloquei-o num pequeno sofá que permanecia num canto, como que um
voyeur que nos estivesse a pagar para ver "alguma acção". O Colin
colocou aqui também o seu casaco. Montei os aperitivos que trouxemos em cima da
comprida mesa que ficava à frente da cama. A televisão permanecia ligada num
canal de informação onde várias figuras discutiam política.
Descalcei-me e
sentei-me na esquina da cama. Ele não parava de um lado para o outro do quarto.
A boa disposição dele e a incansável tarefa de me animar aquecia. O pormenor de
haver um espelho por cima da mesa, virado para a cama, despoletou qualquer
coisa no olhar do Colin. Observei-o a olhar para si próprio, enquanto que
falava. Recostei-me para a cabeceira da cama e quase bati com a cabeça num
quadro que aqui se pendurava. Tinha colocado ali por baixo todas as almofadas
disponíveis. Cruzei as mãos em cima da barriga, assistindo ao início do
espectáculo. Ao falar comigo em tom de brincadeira, ia-me provocando, a quente
e a frio, ora colocando-se numa posição mais atraente e parada para o espelho,
através do qual nos fixávamos no olhar, ora mudando repentinamente de assunto e
começando a dançar ao som do silêncio. Aproximou-se de um dos lados da
cabeceira e atirou-se para a cama, deitando a cabeça quase em cima dos meus
pés, com uma das almofadas. Formámos um ângulo perfeito de noventa graus, sendo
cada um de nós um eixo. Assim ficámos durante algum tempo, em conversa.
Tirei-lhe o boné da cabeça e coloquei na minha. Da mesma forma, de tantos em
tantos minutos trocávamos de posição em cima da cama. Já estava ele encostado à
cabeceira e eu ao fundo. Aproximei-me para tirar outra almofada, mas não uma
disponível. Queria uma que estivesse ocupada. Puxei uma das que lhe seguravam
as costas, aproximando-me da cara dele, onde larguei um pequeno beijo que lhe
interrompia as palavras. Sorriu e respondeu da mesma maneira. Continuávamos a
discutir assuntos banais de forma consciente, mas já nos colocávamos em
posições mais reconfortantes e íntimas. Cada vez mais perto. Muito perto. Não o
suficiente!
Os pequenos beijos
foram sendo cada vez mais constantes. Por vezes, um deles demorava-se um pouco
mais, tentando imitar os da noite anterior. As minhas mãos saltaram de alegria
por finalmente poderem "picar o ponto". Comecei a percorrer as
laterais de todo o corpo. Refugiava o meu nariz no pescoço. Trincava pequenos
pedaços de pele. Quando passava de novo a minha cara à frente da dele,
olhávamo-nos nos olhos. Dobrava-me sobre ele para o beijar, ao que ele
respondia, esticando-se para a frente. Provoquei-o, lançando-me lentamente para
trás e fazendo-o vir buscar o beijo. Passava o lábio superior em cada um dos
dele, fazendo a língua aparecer de vez em quando e deixando um pingo de saliva
que iria novamente buscar. Ele fazia exactamente a mesma coisa. É óptimo quando
beijamos alguém que tirou o mesmo curso! Ali nada era forçado. Nada era sem
tempo. Nada se deixava por tocar. Despi-me da cintura para cima e atirei a
roupa para fora da cama. Puxei-o para mim e tirei-lhe da mesma área a roupa,
com igual destino. A receptividade entre os dois estava ao rubro! Enganei-o, fazendo-o
pensar que nos encostaríamos. Atirei-me lentamente para trás, percorrendo com a
mão direita o corpo dele, dos ombros à cintura, a coxa, a perna, o joelho,
passando por trás nos gémeos e terminando no pé, levantando-o. Deixei cair a
cabeça para o fundo da cama. Agarrei o pé com as duas mãos e fui apertando por
cima e por baixo com a ponta dos dedos. Massagei, ora com jeitinho, ora com
força. Fechei os olhos a imaginar a cara que ele estaria a fazer. Percebia-se
pelos pequenos gemidos que começavam a ecoar naquele quarto sem insonorização.
Por um momento, indaguei se não teríamos "vizinhos" nos quartos ao
lado. Despreocupei-me. Queria eu lá saber disso! Mudei para o outro pé. Entre
os "É tão bom" e os "Sabe tão bem" que ia ouvindo, trinquei
o meu próprio lábio, sorrindo de satisfação. O Colin decidiu massajar-me os pés
também. De facto... é muito bom! Puxei o meu corpo mais para o centro da cama e
coloquei uma das almofadas para me recostar. Olhava para ele, enquanto que ele
me tocava. Pouco durou até ele atirar o seu corpo devagar para cima de mim.
Beijámo-nos com muita técnica e astúcia. Levantei-me para me colocar sobre ele.
E continuávamos. Ainda nos enrolámos algumas vezes, até ele ficar por cima de
mim novamente. Começou a desapertar o meu cinto e desabotoando as calças. Aos
poucos, foi puxando-as para baixo até mas tirar por completo. Enquanto isso, eu
fazia-lhe o mesmo até ficarmos os dois completamente nús e de corpos encostados
um ao outro. Segurei-o pelo fundo das costas, ponto este por onde ia
controlando as várias posições dele, enquanto que rolávamos em cima da cama,
como dois gatos a brincar em câmara lenta.
O tempo passava e
os preliminares persistiam. Apalpei tudo quanto podia. Chegava a tocar com a
ponta de um dedo sítios onde talvez nunca lhe tenham tocado. Senti-me um
pianista a tocar uma balada deprimente. O prazer era audível, pois os gemidos
eram cada vez mais constantes e intensos. Por vezes, agarrava-lhe pelo queixo e
observava a cara dele. Acariciava as curvas desta, percorrendo todo o crânio
até à nuca. Ele foi descendo pelo meu corpo até encontrar a minha pila erecta
que o esperava. Tomou-lhe o sabor e massajou-a com a língua, por vezes subindo
o olhar para verificar se eu estava mesmo a gostar. E é claro que sim!
Estávamos agora os dois de joelhos e frente a frente. As pilas tocavam-se e
recuavam, ao responder a uma contracção de satisfação. Olhei para o espelho.
Sorri e pensei que ele iria gostar do que vinha a seguir. Fi-lo virar-se de
costas para mim e agarrei-o, tornando possível a visualização do nosso próprio
desempenho. Ele mostrou-se contente com a situação. Com o meu peito, empurrei-o
para baixo até nos deitarmos ao comprido, ficando ele com a cabeça pendurada
para fora da cama, no fundo desta. Tentei tocar com cada centímetro da minha
cara nas costas dele. Percorri a coluna dele com a ponta do meu nariz, largando
pequenos beijos. Com os joelhos, afastei-lhe as pernas e acomodei-me no meio.
Cheguei com a boca ao rabo dele e trinquei suavemente cada uma das nádegas. O prazer
era notável, tal eu sentia o rabo a empinar cada vez mais. Agarrei-lhe os
colhões com uma mão por baixo e de seguida a pila, rija que nem uma pedra. Com
a outra mão, apalpava o rabo, começando a deslizar com o polegar para o
centro... da minha atenção. Com a ponta do dedo, rodeava, rodeava, rodeava.
Levei o dedo à boca, salivando-o. Rodeei de novo o buraco, que ficava cada vez
mais húmido e descontraído. Deitei-me de novo em cima dele, e levei o mesmo
dedo à boca dele. Agora a saliva era a dele. Voltei para trás e rodeei outra
vez o buraco. Baixei-me e fui enfiando a ponta da minha língua lentamente lá
dentro e à volta. O gemido e o apertar dos lençóis intensificou-se. Não faltou
muito tempo até eu estar de novo por cima dele, agarrando-o pela cintura, e
preparado para o penetrar. Aos poucos, a minha glande ia tocando e forçando a
entrada. Os gemidos persistiam, sempre num tom baixo e com duração de dois a
três segundos. Ao começar a entrar "em espaço alheio", lentamente e
em movimentos calmos, sentia a concordância dele, que levantava a cabeça e
tentava olhar um pouco para trás, como que a chamar-me para me aproximar. Assim
o fiz, sem parar os movimentos. A pila entrava cada vez mais. A respiração dele
já era ofegante demais para ser feita só pelas vias nasais. A boca tinha de
permanecer aberta devido ao pouco ar que já se fazia sentir. De cara encostada
um ao outro, apreciávamos o tapete do quarto. Nunca tivémos tanto prazer a
olhar para um tapete...
Um pouco cansados
de estar na mesma posição, trocámos. Ele queixou-se que estava com alguma fome.
Puxámos os doughnuts e ele começou a comer um. Abri uma das embalagens e tirei
o doughnut, segurando-o com a ponta dos dedos. Empurrei o Colin para trás e
deixei cair o doughnut em cima do peito. Baixei-me para dar uma trincadela. Fui
segurado pela mão dele, dizendo "Espera...". Olhei para baixo e
disse-lhe prontamente que o que ele estava a pensar fazer não ia resultar, pois
o buraco do doughnut era apertado e frágil e que por isso iria logo partir. Mas
ele, a rir-se e com uma insistência danada, foi introduzindo lentamente a pila
no doughnut. Não sei bem como... mas a verdade é que foi passando, passando,
passando sem se partir, embora se notasse a massa a rasgar um pouco. Ao chegar
a meio, disse-lhe que já chegava e ele recostou-se para trás. Nunca pensei vir
a comer um doughnut desta maneira, mas fui trincando pedaços à volta da pila
dele, até ficar um bocado mais frágil que logicamente acabou por se partir,
tirando o resto com a mão. O instrumento ficou coberto de açúcar, o qual não
demorou muito a ser derretido pela minha língua, suavemente. Deitei-me de
costas. Afastando-me as pernas, posicionou-se por cima, com um olhar maroto e
passando a língua nos lábios. Assumi a personificação da Xenia Onatopp ("Bond
Girl" e personagem do filme "Goldeneye", cuja particularidade
era a de asfixiar homens com as pernas à volta do torax), apertando o corpo
dele e puxando-o para mim. Conseguia sentir a ponta da pila dele a tocar no meu
cú. Suavemente, ele foi-se baixando cada vez mais.
Colocou uma
almofada por baixo do meu rabo e desapareceu! Coloquei também uma por baixo da
cabeça para poder ver o que estava a acontecer. Conseguia ver o cabelo espetado
a subir lentamente e a tender tanto para a esquerda como para a direita. Subitamente,
foram aparecendo a testa e as sobrancelhas. A língua dele fazia exactamente
como eu lhe tinha feito antes. Suscitou-me a curiosidade e esperei ansiosamente
para conseguir olhá-lo. Não deixei nunca de sentir a língua quente a tocar e a
molhar toda aquela zona. E apareceram os olhos. Fitaram-se nos meus, a abrir e
a fechar. Penetrantes. Sedutores. Foda-se! É o Colin Farrell! Se fosse mulher,
teria o Colin no cólon. Eu tinha o Colin nos colhões!! Pouco depois, preparado
para me penetrar, colocou-se em posição e foi entrando lentamente, enquanto que
se dobrava para a frente para me beijar. De vez em quando, eu ia tentando
levantar o corpo para chegar mais perto dele, ao mesmo tempo que lhe empurrava
o peito com uma mão. Senti o prazer intenso ao tocar naquele corpinho com tudo
no sítio. Assim continuámos por alguns minutos até ele parar. A excitação já
era tanta que estava na hora de dar o assunto por terminado. Olhando um para o
outro, questionámo-nos de "onde terminaríamos o serviço". Não poderia
haver melhor escolha: coloquei-me por cima dele em formato sessenta e nove e
masturbámo-nos um ao outro até "explodirmos" de prazer. Adrenalina
pura a percorrer o corpo de cada um.
Depois de um minuto
de descanso em cima da cama, partimos para a banheira, onde tomámos um banho
quente. Ele cantava enquanto que se lavava. Eu ajudava-o na lavagem, passando
as mãos pelo corpo molhado. Encostávamo-nos um ao outro, beijando. Depois de
secos e mal vestidos, fumámos um cigarro na varanda, sempre conversando. Pouco
depois, deitámo-nos. Eram agora cinco e meia da manhã. De lado, agarrei-o,
encostando-me às costas e com o nariz no pescoço dele. Meia hora depois,
trocámos de posição e assim sucessivamente. Até adormecermos.
*****
O sol raiou e a
iluminação entrava no quarto por entre a abertura das cortinas. O despertador
avisou-me que eram horas de aproveitarmos o pequeno-almoço que estava incluído
na estadia. Fomos comer e, de volta ao quarto, fumar um último cigarro naquela
varanda com a vista fantástica. Demos um último beijo antes de pegarmos nas
coisas para ir embora. Parámos no sítio onde ele tinha deixado o carro dele e
bebemos um café. Ainda permanecemos aí um bocado até nos despedirmos. Tomámos
depois a mesma estrada para casa de cada um, caminho esse que se iria separar.
Conduzíamos um atrás do outro, ultrapassando alternadamente. Sorríamos um para
o outro em tom de gozo. À frente estava a saída para ele e a continuação da
estrada para mim. Deixei de o ver.
Até aqui, desde que
acordei, isolei-me de qualquer pensamento. Assumi o facto de dormir com ele
como algo perfeitamente natural ou até habitual. Agora que estava sozinho,
podia pensar à vontade no que tinha acontecido. Comecei a relembrar cada
momento, cada toque, cada olhar. Aos poucos, ia-me rindo sozinho. Cada pormenor
me fazia rir, como se tivesse feito algo que nunca tinha feito antes. Um riso
de vergonha. Um riso de parvoíce. Um riso por causa do doughnut. Um riso por
causa do tapete. Um riso por ser o Colin. Um riso por causa das almofadas. Dou
por mim a rir e ao mesmo tempo a verter lágrimas que me escorriam pela cara.
Não fui capaz de me olhar ao espelho. Não quis perceber o que estava a sentir.
Mas sei que estava longe de me sentir triste; muito pelo contrário.
Ocorreu-me o facto
de o ter desejado uma vez. Sei que o desejei sem saber de que maneira. Sei que
também o desejava da maneira que se proporcionou. Não me recriminei por o ter
desejado. Mas tive algo que desejei. Queria-o para mim. Foi meu. Mas porque não
o foi quando esse desejo foi despoletado? Porquê agora? Por vezes, a satisfação
de um desejo pode servir para percebermos que afinal não era desejo. Afinal
podia não ser o que queríamos. Talvez fosse cobiça. Mas se fosse cobiça, eu não
teria o mesmo interesse. Não me daria a tanto trabalho nem perderia tanto
tempo. Nem teria tanto interesse. Portanto, o meu desejo de há vários anos
atrás foi concretizado. A verdade é que não esperei que fosse desta maneira.
Não desejei assim. Simplesmente desejei. E aqui jaz a moral da história. É
preciso ter cuidado com o que se deseja pois, um dia... acontece.
escrito por: "Tuga"
Subscrever:
Mensagens (Atom)